terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Feridas e calos

Das feridas
comeu as cascas
sorveu do sangue.
Transmutou em cor,
liquefez sua dor em tintas

Mesmo assim,
não se pintou para a guerra.
Vestiu-se de índia,
trajou-se de madre.
Fundiu-se com a terra de sua Coyoacán.

Da coluna quebrada
da vida partida
do amor em pedaços
Comeu com fartura,
convieu com o colapso.

Da violência da vida
fez remédio contra a apatia da morte.
Seu corpo
seu templo em pedaços.
Seu espaço de penitência,
sua transgressão mais densa.

Pata de palo,
minha querida Frida,
se tudo termina com uma melancia,
só resta repetir
Viva TU vida!




Amanda SchArr

Um comentário:

Marcus Pereira disse...

Sensacional. Imagens rasgadas...

Quem saboreia desgraça no café da manhã (e não morre), cria resistência da existência.

Bjo, caríssima!